O pedido de inspiração de Albrecht Dürer
Um fato muito interessante marcou a vida artística de Albrecht Dürer, um dos mais importantes artistas do Renascimento nórdico. Nascido em 1471 em Nuremberg, na Alemanha, Albrecht despertou muito cedo para as artes, tornando-se pintor, gravador, escultor e arquiteto.
Sua obra influenciou diversos artistas do século 16, sendo considerado um dos primeiros grandes mestres da técnica da pintura em aquarela.
Mas tanto talento e sensibilidade não o impediram de passar por momentos desafiadores, como o que viveu ao tentar passar para a tela a imagem dos quatro apóstolos.
Do Evangelho, ele já havia pintado de forma belíssima a passagem da adoração dos magos no nascimento de Jesus; já havia eternizado Jesus aos 12 anos entre os sábios do templo de Jerusalém, depois de o mestre se ‘perder’ de seus pais.
Mas, diante dos esboços que fizera da imagem dos apóstolos, retocado uma vez mais, viu que eles não exprimiam o ideal que imaginava. Contrariado, Albrecht Dürer atirou os pincéis para longe, abriu a janela e pôs-se a contemplar as estrelas.
Uma inspiração veio-lhe nesse momento de tristeza. A luz projetava sua claridade nos monumentos e nas agulhas das catedrais da Nuremberg. E ele disse, então:
"Permitistes a homens transformarem, aí, lascas de pedra em construções harmônicas, de majestosas linhas. Consenti-me transportar, para a tela, o que eu trago na alma."
Viu, a seguir, a igreja de São Sebaldo avermelhar-se em fogo, e nuvens azuis formarem um fundo em que se desenhavam as imponentes figuras dos quatro apóstolos. Dürer então exclamou maravilhado:
– Eis os rostos que inutilmente tenho procurado fixar.”1
Pintada em 1526, a obra Quatro apóstolos foi a última realizada pelo artista, que desencarnou dois anos depois, deixando a sua grande sensibilidade artística eternizada na história da humanidade.
1 Sylvio Brito Soares. Grandes vultos da humanidade e o espiritismo, FEB.