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A emoção de Yvonne Pereira para escrever uma de suas obras

Por Izabel Vitusso

Reconhecida por seu trabalho na divulgação da doutrina espírita, por sua história de superação e responsabilidade com sua elevada capacidade mediúnica, Yvonne Pereira espelhou em suas obras as verdades que colheu no mundo espiritual. Em desdobramento, para lá se deslocava sempre amparada pelos bons espíritos, alçando inúmeras vezes as próprias experiências pretéritas.

Na apresentação da obra Nas voragens do pecado, a médium conta que, imobilizada por vários dias por ter fraturado o braço, pôde se entregar melhor aos estudos e reflexões, que lhe proporcionaram maior intercâmbio com o plano espiritual, favorecendo-lhe um encontro muito especial.

O espírito Charles, seu guia e mestre, a ela se apresentou, estendendo sobre sua testa suas mãos “belíssimas”, portando um lindo anel. Isso lhe causa um “enternecido choque”. E Yvonne diz: “Ele sussurra aos meus ouvidos a doce tonalidade de uma vibração encantadora, dizendo: Vem!”...

Em espírito, Yvonne segue Charles de maneira submissa, enquanto seu corpo físico descansa na cadeira, após sentir um tumultuar de cores e de sons de melodias envolverem o lugar onde estava. 

“Então, as primeiras frases deste livro repercutiram em meu ser espiritual como se forças ignotas as decalcassem a fogo em meu cérebro” – explica, descrevendo que enquanto Charles falava, as cenas se moviam diante dela, mostrando o triste episódio ocorrido na França, em 1752: o massacre de protestantes do Dia de São Bartolomeu, durante o reinado de Carlos IX. 

Yvonne se pergunta como Charles teria criado aquelas cenas com tantos detalhes, e conclui que certamente ele teria ali vivido àquela época... De outro modo, os espíritos evoluídos possuem mil possibilidades de reviverem o passado, tornando-o presente com todas as nuanças da realidade de que se rodeou...”, completa.

A médium então descreve que, sob o ardor das palavras de Charles, assistiu a tudo, presenciou com nitidez e encantamento todo o desenrolar das cenas, como se estivesse ali presente, por vezes “possuída de terrores, angústias e ansiedade, de outras, embalada por deliciosas emoções de enternecimento e reconforto”.

Mais tarde, a médium comenta sobre a presença de Charles para guiar sua mão e seu lápis, na transcrição do drama que assistiu no estado espiritual e, ao iniciar, dedica a história, em nome de Charles, a todos os corações que sentem dificuldade em perdoar, “aos que sofrem e choram no aprendizado redentor, a caminho do amor a Deus”. 


Publicada em 1960, Nas voragens do pecado é a primeira obra da trilogia, seguida pelos romances O cavaleiro de Numiers e O drama de Bretanha, ed. Feb.